Para entender melhor como a energia elétrica é distribuída e tarifada no Brasil, é fundamental conhecer a diferença entre o Grupo A e o Grupo B de energia.
Essas classificações, definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), segmentam consumidores de acordo com suas necessidades e padrões de consumo, além das características das instalações.
Saber a qual grupo uma empresa ou residência pertence é essencial para compreender a estrutura tarifária e avaliar possibilidades de economia e eficiência energética.
Neste artigo, você encontrará uma análise completa das diferenças entre Grupo A e Grupo B de energia, suas categorias e subgrupos, além de informações detalhadas sobre como cada um funciona, os tipos de consumidores que atendem, os critérios para classificação e as tarifas aplicáveis.
Com essas informações, você será capaz de identificar qual grupo é mais adequado para diferentes tipos de consumo, e entender melhor o sistema de fornecimento de energia elétrica no Brasil.
O Que São Grupo A e Grupo B de Energia?
No Brasil, a ANEEL classifica os consumidores de energia em dois grandes grupos: Grupo A e Grupo B. Essa segmentação é feita com base na tensão de fornecimento (alta, média ou baixa) e na demanda contratada de cada consumidor.
Esses dois grupos possuem subgrupos que variam de acordo com a especificidade da instalação, o tipo de cliente e o perfil de consumo.
- Grupo A: Inclui consumidores que recebem energia em alta ou média tensão, geralmente para grandes consumidores, como indústrias, shopping centers, grandes edifícios comerciais e hospitais. Esse grupo possui uma estrutura tarifária diferenciada, que inclui a cobrança por demanda e energia consumida.
- Grupo B: Inclui consumidores que recebem energia em baixa tensão, como residências, pequenos comércios e propriedades rurais. A tarifa para o Grupo B é mais simples e não possui cobrança de demanda, sendo baseada apenas na quantidade de energia consumida.
Para esclarecer melhor como cada grupo funciona e quais tipos de consumidores ele atende, vamos explorar em detalhes as principais características do Grupo A e do Grupo B, assim como suas subcategorias.
Características do Grupo A de Energia
O Grupo A é destinado a consumidores que recebem energia em alta ou média tensão, acima de 2,3 kV. Isso inclui consumidores com um perfil de consumo elevado, como indústrias de grande porte, centros comerciais, shopping centers, hospitais e grandes edifícios.
A principal diferença do Grupo A em relação ao Grupo B é que ele possui uma estrutura tarifária composta por duas partes:
- Demanda Contratada: Esse valor representa a quantidade de energia que a empresa ou consumidor reserva para seu uso e que precisa estar disponível o tempo todo. A demanda contratada é medida em kW (quilowatts) e representa uma parcela fixa da fatura de energia do consumidor.
- Energia Consumida: Esse valor representa a quantidade de energia efetivamente utilizada pelo consumidor. É medida em kWh (quilowatt-hora) e varia de acordo com o consumo efetivo do mês.
Subgrupos do Grupo A
Dentro do Grupo A, existem subgrupos que classificam ainda mais os consumidores de acordo com a tensão de fornecimento:
- Subgrupo A1: Consumidores atendidos em tensão igual ou superior a 230 kV. Geralmente, inclui grandes indústrias e instalações de grande porte, que demandam uma quantidade muito alta de energia.
- Subgrupo A2: Consumidores atendidos em tensão entre 88 kV e 138 kV. Também destinado a grandes indústrias e empresas com consumo elevado, mas que não exigem uma tensão tão alta quanto os do subgrupo A1.
- Subgrupo A3: Consumidores atendidos em tensão entre 69 kV e 88 kV. Esse subgrupo atende indústrias e empresas de médio a grande porte que operam em média tensão.
- Subgrupo A3a: Consumidores atendidos em tensão entre 30 kV e 44 kV. São consumidores que utilizam alta tensão, mas em menor quantidade em comparação aos subgrupos A1 e A2, como alguns hospitais, centros educacionais e empresas de médio porte.
- Subgrupo A4: Consumidores atendidos em tensão entre 2,3 kV e 25 kV. Inclui empresas e pequenas indústrias que operam em média tensão e não necessitam de uma tensão tão alta quanto os subgrupos anteriores.
- Subgrupo AS: Consumidores rurais atendidos em tensão acima de 2,3 kV. Esse subgrupo é exclusivo para propriedades rurais que demandam energia em alta tensão.
Características do Grupo B de Energia
O Grupo B é destinado a consumidores que recebem energia em baixa tensão, abaixo de 2,3 kV. Esse grupo inclui residências, pequenos comércios, propriedades rurais e instalações que possuem um perfil de consumo menor em comparação com o Grupo A.
A estrutura tarifária do Grupo B é mais simples e baseada exclusivamente na energia consumida, medida em kWh. Não há cobrança por demanda contratada, o que torna a tarifa menos complexa e mais acessível para pequenos consumidores.
Subgrupos do Grupo B
O Grupo B também possui subgrupos específicos para classificar diferentes tipos de consumidores:
- Subgrupo B1: Destinado a unidades residenciais que consomem energia em baixa tensão. A tarifa pode variar conforme o consumo, sendo possível o acesso a tarifas residenciais especiais, como a Tarifa Social de Energia Elétrica para famílias de baixa renda.
- Subgrupo B2: Destinado a consumidores rurais, como fazendas e propriedades agrícolas, que utilizam energia em baixa tensão. A tarifa é diferenciada para incentivar o setor rural e costuma ser mais barata do que as tarifas comerciais ou residenciais comuns.
- Subgrupo B3: Destinado a consumidores comerciais e industriais de pequeno porte, como lojas, escritórios, salões de beleza e estabelecimentos comerciais em geral, que utilizam baixa tensão.
- Subgrupo B4: Exclusivo para iluminação pública, atendendo postes e sistemas de iluminação nas vias e áreas públicas.
Diferenças Tarifárias entre Grupo A e Grupo B
As principais diferenças entre o Grupo A e o Grupo B estão relacionadas à estrutura tarifária e ao perfil de consumo de cada grupo.
No Grupo A, a tarifa é composta pela demanda contratada e pela energia consumida, o que oferece um maior controle e previsibilidade para consumidores que necessitam de grandes quantidades de energia.
No Grupo B, a tarifa é baseada apenas na energia consumida, sem cobrança de demanda.
Essa estrutura simplificada é mais adequada para consumidores com um perfil de consumo menor, como residências e pequenos negócios, que não precisam de alta tensão ou de um fornecimento com grandes variações.
Diferença | Grupo A | Grupo B |
---|---|---|
Tensão de Fornecimento | Alta ou média tensão (acima de 2,3 kV) | Baixa tensão (abaixo de 2,3 kV) |
Composição Tarifária | Demanda contratada e energia consumida | Apenas energia consumida |
Aplicação | Grandes consumidores (indústrias, shoppings) | Pequenos consumidores (residências, comércios) |
Tipos de Subgrupos | A1, A2, A3, A3a, A4, AS | B1, B2, B3, B4 |
Flexibilidade Contratual | Alta flexibilidade para grandes consumidores | Menor flexibilidade, estrutura tarifária fixa |
Como Escolher Entre Grupo A e Grupo B?
A escolha entre o Grupo A e o Grupo B é, na verdade, determinada pela ANEEL, que classifica cada consumidor de acordo com a tensão de fornecimento e a demanda contratada.
Consumidores que se conectam em alta ou média tensão e que possuem um consumo elevado são automaticamente classificados no Grupo A, enquanto consumidores que operam em baixa tensão, com consumo mais moderado, são alocados no Grupo B.
Contudo, para empresas que possuem consumo elevado e têm flexibilidade de escolha, é interessante avaliar as vantagens do Grupo A, especialmente em relação à estrutura de demanda contratada, que pode oferecer mais previsibilidade e opções de ajustes contratuais.
Além disso, consumidores do Grupo A podem, em alguns casos, considerar a migração para o mercado livre de energia, onde é possível negociar tarifas e condições diretamente com fornecedores, dependendo das regulamentações vigentes.
Vantagens e Desvantagens de Cada Grupo
Vantagens do Grupo A:
- Maior Flexibilidade Contratual: A possibilidade de ajustar a demanda contratada permite que as empresas adaptem seu consumo conforme necessário.
- Acesso ao Mercado Livre: Consumidores do Grupo A, dependendo do consumo, podem optar pelo mercado livre de energia, permitindo a negociação direta com fornecedores.
- Tarifas Personalizáveis: A estrutura tarifa do Grupo A oferece uma flexibilidade que permite aos consumidores ajustar o fornecimento de acordo com suas necessidades específicas. Para empresas com consumo elevado e sazonal, isso significa maior controle sobre os custos de energia, adaptando a demanda contratada aos períodos de maior e menor consumo.
Desvantagens do Grupo A:
- Complexidade na Fatura: A fatura de energia do Grupo A é mais complexa, pois inclui a cobrança de demanda contratada e energia consumida, o que exige um entendimento mais técnico para otimizar o consumo.
- Custo de Demanda: Caso a empresa ultrapasse a demanda contratada, pode haver multas ou cobranças adicionais. É preciso monitorar constantemente o consumo para evitar custos elevados.
- Investimentos em Infraestrutura: Consumidores do Grupo A geralmente precisam de equipamentos específicos para monitorar e gerenciar o consumo, além de conexões em alta ou média tensão, o que pode demandar investimentos iniciais em infraestrutura.
Vantagens do Grupo B:
- Simplicidade na Tarifação: A estrutura de cobrança baseada apenas no consumo de energia torna a fatura mais simples e fácil de gerenciar, especialmente para pequenos consumidores.
- Menores Custos Fixos: Sem a cobrança de demanda contratada, consumidores do Grupo B pagam apenas pela energia que utilizam, o que é ideal para quem tem um consumo variável ou moderado.
- Tarifas Especiais para Certos Segmentos: Consumidores do Grupo B, como o subgrupo B2 (rural) e B4 (iluminação pública), têm acesso a tarifas especiais, o que pode reduzir os custos em relação a tarifas convencionais.
Desvantagens do Grupo B:
- Falta de Flexibilidade: A estrutura tarifária fixa do Grupo B não permite ajustes contratuais conforme o perfil de consumo, o que pode limitar o controle sobre os custos de energia.
- Sem Acesso ao Mercado Livre: Consumidores do Grupo B, em sua maioria, não podem migrar para o mercado livre de energia, ficando sujeitos às tarifas reguladas pela ANEEL e aos reajustes impostos pelas distribuidoras.
- Dependência do Mercado Cativo: A falta de opções para negociação direta de tarifas e condições limita o poder de escolha, deixando os consumidores sujeitos aos preços definidos pelas concessionárias.
Exemplos Práticos: Perfil de Consumidores de Grupo A e Grupo B
Para ilustrar melhor as diferenças entre os dois grupos, vejamos alguns exemplos práticos de consumidores que pertencem ao Grupo A e ao Grupo B:
Exemplo de Consumidor do Grupo A:
Uma fábrica de autopeças localizada em uma região industrial, que opera em média tensão e possui uma demanda constante de energia para manter suas linhas de produção, é classificada como consumidora do Grupo A.
Essa empresa contrata uma demanda de 800 kW e paga uma tarifa fixa para garantir que essa quantidade de energia esteja sempre disponível.
A fábrica aproveita a flexibilidade contratual para ajustar sua demanda conforme os períodos de maior produção e considera o mercado livre como uma possibilidade para negociar tarifas diretamente com fornecedores.
Exemplo de Consumidor do Grupo B:
Uma loja de roupas em um centro comercial urbano, com consumo de energia em baixa tensão, é classificada como consumidora do Grupo B, especificamente no subgrupo B3, destinado a consumidores comerciais de pequeno porte.

A loja paga apenas pela energia consumida e não tem a possibilidade de contratar demanda. Com um perfil de consumo relativamente baixo, a estrutura tarifária fixa do Grupo B é adequada, pois oferece simplicidade e previsibilidade no orçamento.
Outro Exemplo de Consumidor do Grupo B:
Uma propriedade rural que utiliza energia para atividades agrícolas, como irrigação e funcionamento de máquinas agrícolas, é classificada no subgrupo B2.
Esse subgrupo oferece tarifas diferenciadas para propriedades rurais, incentivando o desenvolvimento do setor agrícola.
A propriedade paga uma tarifa reduzida, baseada apenas na quantidade de energia consumida, sem cobrança de demanda, o que é vantajoso para o perfil de consumo sazonal e variável das atividades agrícolas.
Como a Classificação Afeta a Economia e a Eficiência Energética
A escolha entre o Grupo A e o Grupo B, ou melhor, a classificação pela ANEEL, influencia diretamente o potencial de economia e a gestão de eficiência energética.
Consumidores do Grupo A, por exemplo, podem otimizar seus contratos ajustando a demanda contratada, o que reduz o custo quando a empresa opera com uma demanda mais baixa.
Esse ajuste é importante para indústrias que possuem picos de consumo em determinados períodos ou sazonais, já que permite um controle mais eficiente dos custos.
No entanto, consumidores do Grupo B também podem otimizar seu consumo, mesmo sem a possibilidade de contratar demanda.
A instalação de sistemas de monitoramento e gestão de energia pode ajudar esses consumidores a identificar horários de pico e a reduzir o consumo durante esses períodos, o que pode gerar economia, especialmente em estabelecimentos comerciais e pequenos negócios.
Além disso, com a crescente demanda por energia renovável, consumidores de ambos os grupos têm buscado alternativas para integrar fontes sustentáveis em seu consumo.
Para o Grupo A, isso pode significar a contratação de energia de fornecedores que utilizam fontes renováveis no mercado livre, enquanto para o Grupo B, pode envolver a instalação de sistemas de energia solar ou outras alternativas de autogeração.
A Possibilidade de Migração para o Mercado Livre de Energia
Uma das principais vantagens para consumidores do Grupo A é a possibilidade de migração para o mercado livre de energia.
Esse mercado permite que grandes consumidores negociem diretamente com fornecedores de energia, ajustando o contrato conforme suas necessidades específicas e escolhendo, muitas vezes, tarifas mais baixas do que as oferecidas pelo mercado cativo.
A possibilidade de escolha de fontes renováveis também é um diferencial para empresas que buscam práticas sustentáveis.
No entanto, essa opção ainda não está disponível para consumidores do Grupo B, que são, em sua maioria, residências e pequenos comércios com consumo mais baixo.
Apesar disso, há uma tendência de que o mercado livre se expanda futuramente, permitindo que consumidores menores também possam acessar essa modalidade.
Vantagens do Mercado Livre para Consumidores do Grupo A:
- Negociação Direta de Tarifas: Empresas podem negociar diretamente com fornecedores, obtendo tarifas mais competitivas e ajustadas ao seu perfil de consumo.
- Escolha de Fontes de Energia: Consumidores do mercado livre têm a liberdade de optar por fontes de energia renovável, fortalecendo o compromisso com a sustentabilidade.
- Flexibilidade no Contrato: O mercado livre permite ajustar a quantidade de energia contratada e negociar prazos, garantindo maior controle sobre os custos.
Considerações Finais: Qual a Diferença Entre Grupo A e Grupo B de Energia e Qual É a Melhor Opção?
Entender as diferenças entre o Grupo A e o Grupo B de energia é essencial para consumidores que buscam otimizar seus custos e melhorar a eficiência energética.
A classificação não é uma escolha do consumidor, mas sim determinada pela ANEEL com base no perfil de consumo e na tensão de fornecimento.
No entanto, cada grupo oferece diferentes possibilidades e desafios, e compreender esses aspectos pode ajudar empresas e consumidores a identificar oportunidades de economia e a adaptar sua gestão de energia.
Para consumidores com alto consumo, como indústrias e grandes estabelecimentos comerciais, o Grupo A é geralmente mais vantajoso, pois oferece maior flexibilidade contratual e permite a contratação de demanda, ajustando o fornecimento conforme a necessidade.
Além disso, o Grupo A possibilita o acesso ao mercado livre de energia, onde consumidores podem negociar tarifas e obter condições vantajosas.
Por outro lado, o Grupo B é ideal para consumidores menores, como residências e pequenos comércios, que se beneficiam de uma estrutura tarifária simples e fácil de gerenciar.
A tarifa fixa baseada no consumo torna a conta de energia previsível e acessível para consumidores com demanda moderada.
Para qualquer consumidor, seja do Grupo A ou do Grupo B, a implementação de práticas de eficiência energética e o monitoramento do consumo são estratégias eficazes para reduzir custos e otimizar o uso de energia.
Aproveitar tecnologias de gestão de consumo e, no caso do Grupo A, considerar a migração para o mercado livre, pode resultar em benefícios significativos tanto em economia quanto em sustentabilidade.
Se sua empresa está interessada em conhecer mais sobre as classificações de energia e o mercado livre, ou deseja avaliar a possibilidade de migrar, entrar em contato com uma consultoria especializada como a AG Engenharia Elétrica pode ser o primeiro passo para uma gestão energética eficiente e econômica.